quarta-feira, abril 29, 2009
o passo tira-teimas
Distraio-me a contar os passos que me separam dos outros. Não é a primeira vez. Já os contei mais de um milhão de vezes: conheço cada um deles como cada linha da palma da minha mão; sei dizer onde começam e quando acabam.
Conto para passar o tempo.
Conto para não pensar.
Conto incessantemente para reconhecer (até de olhos fechados) a casa numérica que delimita o abismo. Sei contar para além daquilo que devo e vou contando para testar a minha força. A minha contra a tua. Ou contra a tua. Uma vez um passo a mais á esquerda. Outra vez um passo a mais atrás.
É nesta brincadeira de números que ouso invadir o teu espaço.
Ouso. Mas não invado. Deixamo-nos ficar no mundo abstracto das insinuações. Não tenho vontade de marcar a minha pegada nesse terreno teu que me é tão próximo como desconhecido. Desenhamos linhas simétricas marcadas pela mesma distância que separa o corpo do espelho.
Somos reflexos. Cada um desempenhando o seu papel.
Os reflexos não foram criados para serem tocados, mas sim para gozarem serem observados. Se alguma vez toquei o reflexo que representas... guardo cá dentro a vergonha deliciosa de o ter feito e o desejo de não voltar a sentir o mesmo toque dessa nossa estranheza familiar.
1, 2, 3...... conta comigo.
Conta para passar o tempo.
Conta para me distrair.
foto extraída: http://www.flickr.com/photos/tasou/3247730542/
sábado, abril 25, 2009
Vês tanto vermelho como eu?
Se não fossem as noites, seriam os dias. E se não for a transparência, será talvez a incerteza. Os olhos nunca irão absorver todas as imagens, todos os sentidos e significados daquilo que os rodeia. E se não forem as condições externas, será talvez a cor deles mesmo que determina as formas e a clareza da visão.
Este vermelho é só meu. De que cor é o teu?
Este vermelho é só meu. De que cor é o teu?
quarta-feira, abril 22, 2009
quinta-feira, abril 16, 2009
Clandestino
Anda esconder-te comigo debaixo dos lençóis. Gosto de chamar o teu nome num sítio onde só tu o possas ouvir. Torna-o mais teu. Um dia vou tentar entender a clandestinidade do nosso mundo...hoje não. Talvez amanhã. O tempo não nos dá muito tempo para nós e teima em nos mostrar que lá fora as coisas vão acontecendo sem nós.
Neste reino de tecido tu és o rei e eu sou a rainha. E vamos medindo as nossas forças com as poucas armas que cabem entre os nossos corpos. De certa forma, agrada-me o secretismo da nossa luta. Sem juiz, sem verdades absolutas; as regras são minhas, as regras são tuas e juntos guardamos o poder da decisão.
Estou viciada no teu sabor clandestino. Não tem mal, pois não?
Talvez amanhã seja o dia das questões, da batalha final. Por enquanto, esconde-te comigo debaixo dos lençóis e deixa-me gritar o teu nome ao ouvido. Clandestino.
foto extraída de: http://www.flickr.com/photos/stefanoob/3129932361/
quarta-feira, abril 08, 2009
Não te preocupes
If you only came to tell me the stories don't get mad at me if I pretend not to listen. Keep talking. I took the way of pretending not by chance but by choice: i am listening.
And if you're feeling like you are hurting me and therefore you don't want to go on...
My disguise is the bed of roses I chose to fall on before feeling the ground.
quinta-feira, abril 02, 2009
Vem pintar comigo
Estou cansada das coisas, de falar sobre as coisas, de pensar sobre as coisas. As coisas são hoje coisas porque ontem já as eram e amanha quando as virmos serão sempre as mesmas coisas. Afogamo-nos diariamente nessa monotonia a preto e branco e deixamo-nos envolver por elas num sentimento labiríntico sem saída.
Vem saltar comigo para o lado de fora. Vamos inventar cores até agora desconhecidas e pintar as coisas de outra forma.
Eu sei... não é real. Mas quantas das coisas que vemos o são? Não sabemos de onde vêm nem nos interessa para onde vão, ou para que servem. São coisas a preto e branco á espera do nosso borrão de tinta.
quarta-feira, abril 01, 2009
The lover
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