segunda-feira, outubro 10, 2005

Viagem











Aparelhei o barco da ilusão
e reforcei a fé de marinheiro
era longe o meu sonho, e traiçoeiro
o mar...
(só nos é concedida
esta vida
que temos,
e é nela que é preciso
procurar
o velho paraíso
que perdemos.)

Prestes,
larguei a vela
e disse adeus ao cais, à paz tolhida
desmedida,
a revolta imensidão
transforma dia a dia a embarcação
numa errante e alada sepultura...

Mas,
corto as ondas sem desanimar,
em qualquer aventura
o que importa é partir e não chegar..


Miguel Torga