segunda-feira, maio 10, 2010

o equilíbrio



não sabe ser de outra forma senão assim: trancada e descarada, entre as paredes asfixiantes de uma loucura que insistiu em desenhar como sua. a música parou, mas o ritmo marcado nos passos mecânicos quase que enganou a plateia. insaciável. as luzes cederam á escuridão num acto instintivo de exaustão. o palco ficou agarrado a essa única presença: a bailarina sem melodia.

foi há muito que perdeu a segurança das pontas, a graciosidade das mãos, o desenho ondulado das ancas. agarra-se aos trapos e aos varões em busca de um apoio passageiro numa dança automática e desprovida de sentido nesse palco mudo e escuro onde se foi deixando ficar.

descalça. por fim:

a planta dos pés conhece o equilíbrio. esse caos melancólico, utópico. irreal.





foto: http://www.flickr.com/photos/liekeliekeolieke/4542315157/in/faves-vaniazinha/

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