quarta-feira, julho 18, 2007

Os amigos

Esses estranhos que nós amamos
e nos amam
olhamos para eles e são sempre
adolescentes, assustados e sós
sem nenhum sentido prático
sem grande noção da ameaça ou da renúncia
que sobre a luz incide
descuidados e intensos no seu exagero
de temporalidade pura

Um dia acordamos tristes da sua tristeza
pois o fortuito significado dos campos
explica por outras palavras
aquilo que tornava os olhos incomparáveis

Mas a impressão maior é a da alegria
de uma maneira que nem se consegue
e por isso ténue, misteriosa:
talvez seja assim todo o amor
 
José Tolentino Mendonca

2 comentários:

Vânia Monteiro Dias disse...

quero muito ver esse filme, mas nao o consigo encontrar. adorei o poema. como estás menina? tenho saudades de te ver :)

Vânia Monteiro Dias disse...

eu já vi o "paris, je t'aime", o que nao consigo encontrar é o Lola rennt. :/